No início dos anos 20 do séc. XIX, o velho Caetano da Maia, “um sério e rijo Português, mas fiel ao absolutismo e a D. Miguel, escorraça de sua casa o filho Afonso “Jacobino e maçom”, partidário da Revolução Francesa que varre a Europa. Pouco tempo depois, Afonso arrepende-se e com o perdão e o dinheiro do seu pai casa com a pequena fidalga trigueira Dona Maria Runa e vai viver para Inglaterra cuja civilidade o fascina. Tem um filho, Pedro da Maia. Vinte anos depois, Pedro também se vai revoltar contra o seu pai Afonso da Maia, as razões agora são outras: o casamento não consentido com Maria Monforte, a “negreira” filha de um rico traficante de escravos. Fogem do pais por um par de anos, vivem apaixonados em Itália e em Paris. Regressam a Portugal com um filho, Maria e têm outro, Carlos. Mesmo assim, o pai Afonso recusa a reconciliação. Mas a tragédia espreita. Pedro, acompanhado pelo seu filho mais novo Carlos, voltará em breve para casa do seu pai Afonso. A sua extravagante mulher fugiu com um príncipe italiano Tancredo e levou consigo a filha Maria. Desaparecem na história e no tempo. Pouco tempo depois, enlouquecido, Pedro da Maia suicida-se. Entre Afonso da Maia e o seu neto Carlos, constrói-se o último laço forte da velha família Maia. Formado em medicina na Universidade de Coimbra e posteriormente educado numa longa viagem pela Europa, Carlos da Maia regressa a Lisboa no Outono de 1875, para grande alegria do avô. Nos catorze meses seguintes, nasce, cresce e morre a comédia e a tragédia de Carlos como a tragédia e a comédia de Portugal. A vida ociosa do médico aristocrata, invariavelmente acompanhado pelo seu par amigo, putativo gênio da escrita e alter ego, o extravagante João da Ega, condutor e manipulador de extraordinárias peripécias – leva-o a ter amigos, a ter amantes e ao dolce fare niente, cheio de convicções. Até que se apaixona de verdade por uma mulher tão bela como uma madona e tão cheia de mistérios, (mas também tão cheia de rupturas) como as heroínas da estética naturalista. Um personagem novo num romance esteticamente revolucionário. O Fado Português! Grande e melancólico, um destino sem remédio.
