Em 2014, de acordo com o jornal Gramna, órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista, Cuba recebeu 8,2 bilhões dólares provenientes da remuneração de médicos e enfermeiras que prestavam serviço em 26 países – o correspondente a quase 15% de seu combalido Produto Interno Bruto. O maior contingente estava na Venezuela – 30 mil. Mas outros 11.429 viviam e trabalhavam no Brasil, integrando o programa “Mais Médicos”, que busca levar assistência a regiões desassistidas. Cerca de oito mil haviam desertado para os Estados Unidos, atraído por um programa governamental que só recentemente foi eliminado, no apagar das luzes do governo Obama e que oferecia visto e possibilidade de trabalho para qualquer profissional de saúde cubano que procurasse uma embaixada americana. O documentário Médicos Cubanos, da Revanche Produções, dirigido por Paulo Markun e Sérgio Roizenblit vai mostrar a ação desses profissionais, a partir das histórias de dois personagens principais. A primeira é Odalis Lopez, que esteve no Paquistão, no Gabão e na Venezuela e vive hoje em Lelivéldia, no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, não mais como médica – rompeu com Cuba e ficou no Brasil, casada com um argentino. O segundo personagem é o oficial do Exército e membro do PC Cubano, Félix Baez, que está em Havana, depois de ter atuado em Serra Leoa combatendo o ebola e de ter sido infectado pelo vírus – curou-se e voltou à África para completar sua missão. O terceiro personagem, Oscar Alonso, escapou pela Venezuela para a Colômbia indo para os EUA como parte do último grupo de médicos cubanos atraídos pelo programa oficial que ofereceu visto de residência e abrigo para aqueles que abandonaram suas missões.
